quinta-feira, 18 de junho de 2009

“Mas quando eu te vi vindo com o seu vestido clássico meio desengonçada eu fiquei meio desconcertado”. Foi isso que George disse que me acha desengonçada, só ele. Ninguém nunca me disse isso,ao contrário, só o maldito George. Lá vem ele novamente? Não, não vem. Mas é engraçado quando ele diz “é só a gente se falar que volta tudo né, a doiderada”. Talvez eu fosse mesmo desengonçada. Só que ninguém ainda havia reparado. Foi nessa hora que eu resolvi olhar para trás e reparar o meu quarto. Não era um quarto feminino, também não era um quarto masculino. Qualquer um poderia usar o meu quarto. Havia uma bolsa, um espelho e um cinto pendurado. Sempre havia algum copo cheirando a alguma bebida, e aparentemente não estava sujo, mas era. Pensei em colar alguma foto de alguém que eu goste. Algum escritor, ator, ou até uma banda. Mas não, eu to sempre mudando. Talvez semana que vem eu nem esteja mais aqui. Não queria saber de George, não em trepar com ele. Perdi o tesão. Uma boa noite bêbada e conversa jogada fora, tudo bem. Andava confusa, perdida, insatisfeita. Querendo queimar de ansiedade e paixão. Aqui em casa as coisas são tão loucas, loucas mesmo, impossível descrever, ai vem o papo “melhor deixar pra lá”. É isso, nunca me faltou tesão,por nada,ninguém,é ninguém. Mas as coisas andam monótonas, chatas insuportáveis. Preciso me mandar.


Meu pai irá trazer o pessoal da igreja em casa. Porra eu não estava com o espírito bom para receber ninguém. Fiquei trancada no quarto sem me trocar até a hora que eles chegassem, rezando para que não viessem, na verdade.
Eu ia começar com as minhas paranóias de novo. Lembrei das garrafas de vodca que estavam guardadas, ia dá um jeito de beber escondido sem que minha mãe e ninguém desconfiassem. Mas não encontrei, e fiquei me perguntando o que fazer.
Chegou o pessoal da igreja. Só desconfiei pela voz da minha mãe toda educada. Tudo dentro de mim sem encolheu, rezando mais ainda para que ninguém batesse na minha porta. Escutei os hinos, estavam cantando hinos, travei. Puta merda! Isso não deve ser tão ruim, mas vou continuar no meu quarto. Pensei em abrir devagar a porta e espiar, ou colocar os ouvidos pra ver o que falavam. Mas não, tive medo que eles me escutassem. Mas aquilo de certo modo foi bom, acabei esquecendo um pouco as idiotices que George me dizia, a vodca e a merda toda na minha cabeça.

9 comentários:

Marcelo Grillo disse...

Não que não saibas mentir; mas tuas verdades são bem melhores. bj

Daniel. disse...

tava com saudades de george !

aluah disse...

parabéns, ótimo texto!!!!

voltarei

Mayara M.R. disse...

Na hora do "Meu pai irá trazer o pessoal da igreja em casa. Porra, eu não estava com o espírito bom pra receber ninguém.", eu ri alto. Soou como sátira e eu gostei.

aluah disse...

Sexta-feira, 3 de Abril de 2009

Amo ele. Porra. Nunca pensei que fosse dizer isso. E não disse.'


esse texto parece comigo...

ótimo texto!!

Rafael N. disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Priscila Milanez disse...

Gostei de teus textos, moça!Muito bons!

José Fagner Alves Santos disse...

"Pensei em colar alguma foto de alguém que eu goste. Algum escritor, ator, ou até uma banda. Mas não, eu to sempre mudando."

Reflexão interessante.

Marcelo Grillo disse...

ow, ow... vamos postar, guria?