quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não queria que ele pensasse que eu andava meio triste. Numa tristeza assim sem motivo. Mas era uma tristeza baixinha, nada com ele. E doía toda vez que ele me dizia num tom mais triste ainda que o meu, achando que a culpa era dele. E ia eu tentando explicar que não tinha nada a ver com ele, que a culpa não era dele, que eu também não sabia explicar o que era. Acabava eu a culpada de tudo, sentido remorso e procurando um jeito de mostrar que não era tristeza que eu estava bem e que eu não sei que merda exatamente era. Ah, eu andava sem um puto de dinheiro, sem dinheiro pra cigarros, cervejas, muito menos pra conta do telefone, que ele andava gastando comigo por conta das desnecessárias ligações que eu vinha fazendo na madrugada atrapalhando a sua cerveja sagrada. Nessas horas ele explodia bêbado! Não agüentou e gritou tudo que achava tudo que ele não entendia, explicava e às vezes saia um pedido de desculpas por ser um pouco frio, argumentou gritou sobre tudo, mas nada sobre mim. Acabo eu pedindo desculpas. Depois tudo continua não falamos mais no assunto. Dependendo em que assunto for, se é ruim não falamos mais. É porque tínhamos cicatrizes e algumas noites elas podiam doer, mas sentíamo-las como se fossem vitórias, e estávamos bem um com o outro. Eu estava bem no quarto dele, pedia para fechar a janela porque fazia frio, tapando a nuca com o capuz reclamando dos mosquitos. E ele vinha um pouco mais doce, acariciando meus mamilos, e nessas horas eu pensava se houve mesmo alguma tristeza.

3 comentários:

Marcelo Grillo disse...

porra, essa foi só enrolação. acabaram-se as mentiras? rsrsrs

aluah disse...

E ele vinha um pouco mais doce, acariciando meus mamilos, e nessas horas eu pensava se houve mesmo alguma tristeza. '


quero saber, nessa hora, quem às vezes não acha que houve tristeza

Paixão, M. disse...

miii, essas suas prosas são o máximo. só bukowskiando, com a maior classe, hein!

beijoo!