quarta-feira, 27 de maio de 2009

“Às vezes me lembro da ultima vez que estive perto de você. Ficávamos parados, calados, no mesmo bar todas as noites. Tínhamos a sensação que algo sempre iria acontecer. Algo muito louco, intenso, triste. Nunca sabíamos por que ainda ficar, os dois, insistindo. Eu sabia tanto quanto você que não havia mais nada. Mas eu não conseguia falar, escutar, engolir o “acabou”. Ainda hoje acho estranho. Como se não tivesse realmente acabado e só estamos fugindo um do outro, tentando não nos machucar mais, esquecer. Eu acreditei em você, mais corpo, pouca alma, infelizmente acreditei”.


“Eu poderia esperar ele, mas não, eu não agüentava e ia meio desesperada, contando os dias, o dinheiro... Pra ver ele me esperando e eu sempre com um sorriso bobo sincero e me sentindo em casa, sendo eu mesma. Ai tudo acabou... Lento. Eu gostava quando chovia, íamos para o mesmo bar, sim o mesmo bar, tomava vinho, o beijava e dançava. Lembro-me de ser as únicas vezes que eu gostava da chuva. Não me lembro como ele ficava só do seu olhar desconfiado. Deixava-me inquieta, porque só pensava em agradá-lo, e isso o perturbava, eu sentia que o perturbava. Tudo bem, agora já não tem importância, não esses detalhes”.


“Eu não acredito que você esteja por inteiro bem. Mas eu estou longe do seu corpo, e a minha voz tagarela enjoativa já não pode mais te irritar. Você deve estar em paz, a procura de algo ou alguém, não sempre, mas tranqüilo. Nem sei agora o que dizer sobre nós, já que não existimos, se foi um capricho seu ou isso que se chamam de amor meu. Mas eu ia, ia sempre atrás, me destruindo me entregando,ia. Já não me lembrava mais ou talvez só fizesse questão de esquecer. Não que agora isso venha se chamar saudade, isso não”.

3 comentários:

Marcelo Grillo disse...

Ora, ora... quando as inverdades acabam, daí aparece a escritora de verdade. Muito bom. Qualquer hora te quero na Cachoeiro Cult, guria. Bj

Daniel. disse...

também quero te ver na cult, um pouco de sangue faria bem aos "cults"

Unknown disse...

Quem nunca se sentiu assim? Quem nunca ficou num bar até altas horas esperando não sei o que que surgiria não sei de onde?